De um cenário sem perspectivas para o início de uma jornada de formação profissional e melhor qualidade de vida. Por meio de parceria com o Centro de Referência de Assistência Social (Cras) de Caiabu, a Transforma Energia e o Instituto Transforma iniciaram a contratação de ex-catadores de recicláveis para o Centro de Valorização de Resíduos Sólidos, que é implantado na cidade, sendo um dos mais modernos complexos industriais de recebimento de resíduos do país.
Inicialmente, foram selecionados quatro moradores do município, que já receberam os primeiros treinamentos sobre segurança do trabalho nesta quinta-feira (20). “Buscamos a área social da Prefeitura para que identificasse essas pessoas em situação de vulnerabilidade. A ideia principal é capacitar essas pessoas para que deixem de atuar em lixões e passem a desenvolver uma atividade formal, com carteira assinada dentro de um ambiente de trabalho seguro”, explica o diretor-presidente da Transforma Energia, Felipe Barroso.
Os primeiros funcionários vão trabalhar como agentes de triagem. “Eles vão trabalhar em uma esteira, com os devidos equipamentos de segurança, separando todo material que chegar para que, na ponta final, o produto acabado tenha uma qualidade melhor. E, evidentemente, esse material será endereçado para o lugar certo, seja rejeito ou reciclável”, pontua.
Mão de obra local
Atualmente, o Brasil tem entre 400 a 600 mil pessoas trabalhando na coleta de recicláveis. Deste total, apenas 30,3 mil estão inseridos em cooperativas ou associações, segundo levantamento do Instituto de Pesquisas Aplicadas (Ipea).
Em Caiabu, os catadores ainda atuam em aterro a céu aberto, em situação precária e informal. Com a implantação do Centro de Valorização de Resíduos da Transforma Energia, o cenário é de ‘novos horizontes’ para os trabalhadores.
“Onde a gente trabalhava não é fácil. É um aterro aberto, exposto ao sol, chuva. São 10 anos trabalhando nisso, e vejo muitos riscos. Agora, é trabalhar com segurança para progredir”, diz Luís Alves Pereira, um dos selecionados.
Parceria que gera frutos
“Há 10 anos, trabalho com famílias no Cras. E a questão principal é o isolamento social, vulnerabilidade. Nesse trabalho que fazemos, já identificamos os casos especiais, de maior necessidade. Essa parceria é a luz de uma mudança na vida dessas pessoas e do município”, acredita a assistente social do Cras, Ana Elisa Mariano Santos.
O presidente do Instituto Transforma, Fr. Phillip Neves Machado, ressalta a importância da parceria com o Cras de Caiabu. “É muito importante no ponto de vista da construção e formação da mão de obra que poderá vir a integrar os postos de trabalho da Transforma Energia, tanto em cargos iniciais ou de liderança. O Cras seleciona essas pessoas a partir de critérios muitos claros, como ocorreu em Caiabu”, frisa.
“É uma diretriz da Transforma Energia incentivar, com apoio de capacitação e formação do Instituto Transforma, a contratação de mão de obra de moradores dos municípios onde estamos inseridos sempre que possível. O emprego local é a melhor forma, pois traz riqueza para a região e valoriza tanto o integrante, como o empregador”, complementa.
Segundo ele, a ação de capacitação e formação de profissionais será constante. “Esses primeiros quatro selecionadores de resíduos vão trabalhar em um equipamento de alta tecnologia. Serão capacitados e treinados de como executar o seu trabalho dentro das questões de segurança, valores empresariais e sociais da empresa”, diz.
“Outros virão também da região, mão de obra local com salário digno, pago da forma correta com todos os benefícios. Formação constante, seja ela ambiental, social e profissional, não só aos trabalhadores, como para suas famílias e para a sociedade como um todo. Creio que sejam esses os valores principais que nós temos a oferecer”, crava o presidente do Instituto Transforma.
Emprego e renda
Segundo pesquisas, 90% de todo material reciclado vem do esforço do catador, que é visto atualmente como um agente ambiental. “Estava desempregado há mais de sete anos. Já trabalhei na colheita de batata e reciclagem. Agora, acredito que vai melhorar muito para nós”, comenta o agente de triagem, Valdemir Pereira dos Santos.
De acordo com a coordenadora do Cras, Ana Paula Hizioka Fagundes, a parceria quebrará a barreira existente no trabalho desenvolvido com as pessoas em situação de vulnerabilidade da cidade. “Ter uma empresa onde valoriza vários princípios, acredito que será um complemento ao nosso trabalho. Para nós, tem sido muito positivo. Quando abre uma possibilidade dessas dentro do município, em uma via de acesso [rodovia], a coisa muda. Vai colocar a nossa rota em evidência, e isso nos motiva”.
“Já trabalhei com reciclagem. É importante essa parceria com o Cras, pois eles têm a visão de quem realmente necessita mais do emprego na nossa cidade. É ótimo trabalhar perto de casa. Sou casado, e tenho seis filhos. Vai ser muito importante ter uma renda fixa e benefícios. É trabalhar e crescer na empresa”, fala Fabrício Fernandes, ao celebrar o novo emprego.
Atualização – depois do fechamento desta matéria, um dos selecionados, Sr. Luiz Alves Pereira, infelizmente não passou pelo exame médico para desempenhar a função que havia sido selecionado. Porém, assim que outras vagas surgirem, ele será convidado a participar.